O Poeta

Natureza informal, flores imprudentes, seladas com polen, neste jardim de eden, pirilampos reluzentes, insectos parecem zombies, não me largam, grilos que saltam, agarram uma guitarra, cantam horrivelmente, para uma barulhenta cigarra, do inverno foge, formigas parecem um carocha, levo uma tocha, nao me aquece, o tempo arrefece, se soubesse fazer magia, criava harmonia, sentida melodia, amor aos pulos, enfeitiçava uma donzela, maravilhosa cinderela, que me beijasse, amasse, dormisse ao relento comigo, cantasse ao meu ouvido, embrulha se um sonho, um conto espontâneo, um clima ameno, te aceno, a minha voz é tua, apenas sólida e nua, para sentir os teus lábios, acarinhados por rios, correntes profundas, imundas, espero por ti neste pequeno poço, neste espelho imaginário, sei que virás, cairás, nos meus braços...

Porquê tu, e não eu, és melhor, sou pior, mostra me um valor, que és superior, corre aprumadamente, ofegante, a meta é de todos, sem odes, penitência para ti, quero saltar mais alto, perder medo, combater o ego, vive para a liberdade, sem maldade, transpor a barreira, cortar esta madeira, velha, mas resistente, serás potente, quando cair, irás te rir? e se for tu a sofreres, que esperas de mim, um ramo de jasmim, gozo, adeus azedo, pensa e mede a tua estupidez, um dia saberás, joga a carta do teu medo, voará ás, cairá dez, serás rei, e eu duque, e se for diferente, que dor na tua mente, não sei, falaremos em breve, assinado... descobrirás...

Um jogo de tabuleiro, rebelde aventureiro, cruzando enormes mares, voando por ventos tropicais, tempestades banais, passando por massacres, numa luta constante, presioneiro a um agreste edema, penetrante, fervurante, piscam gotas de suor, esfumaçam ardores pontiagudos, empurra me, tortura me, um desatino vazio, noite triste, fria e escura, sem alegria, perdido em febre, picado por insectos, nem paredes, nem tectos, sem acolhimento, esperando, vagueando, por sonhos escondidos, um dia vividos.